Uma pesquisa nacional revelou que 98% das pessoas com origens étnicas mistas no Japão enfrentam microagressões no cotidiano. Conduzida por pesquisadores japoneses e internacionais, a pesquisa destaca o impacto dessas ações na vida de quem tem herança estrangeira.
Microagressões são comentários ou ações sutis, muitas vezes não intencionais, que podem ser ofensivos para grupos minoritários. No Japão, isso inclui desde elogios sobre a habilidade no idioma japonês até questionamentos sobre a identidade nacional de uma pessoa.
A pesquisa, realizada entre março e abril, contou com 448 participantes, dos quais quase 90% tinham entre 18 e 39 anos. Os dados mostraram que 60% dos entrevistados foram questionados sobre sua identidade japonesa, 30% relataram comentários depreciativos sobre suas origens e 15% foram abordados pela polícia sem motivo aparente. Além das microagressões, 68% dos participantes relataram experiências de bullying e discriminação.
Os depoimentos incluídos na pesquisa demonstram essas dificuldades. Um participante de origem japonesa e serra-leonesa relatou ter perdido uma oferta de emprego por não parecer japonês o suficiente. Outra participante, de origem britânica, lembrou de um comentário inadequado de sua professora do ensino fundamental sobre seu corpo.
A pesquisa foi conduzida por Lawrence Yoshitaka Shimoji, acadêmico visitante da Universidade da Califórnia, Berkeley, e Viveka Ichikawa, psicoterapeuta e candidata a doutorado na Universidade de Toronto. Shimoji enfatizou que o Japão já abriga muitas pessoas de diversas origens étnicas e raciais, e a falta de compreensão sobre essas comunidades perpetua a exclusão social.
Com uma população estrangeira crescente, o Japão está se tornando uma sociedade mais multicultural. Em 2022, uma em cada 50 crianças nascidas no país tinha pelo menos um dos pais estrangeiro, conforme dados do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar.
Fonte: Mainichi