
A Expo 2025 Osaka-Kansai, um dos eventos mais aguardados do Japão, está no centro de uma polêmica envolvendo a divulgação do número de visitantes. Desde o início do evento, a Associação responsável pela organização tem apresentado dados diários de público, mas o critério adotado vem gerando críticas e confusão nas redes sociais e na mídia nacional.
O estopim foi a celebração de 1 milhão de visitantes, realizada em 23 de abril, com direito a cerimônia e entrega de brindes a participantes. Apenas dois dias depois, em 25 de abril, veículos de imprensa noticiaram que o número de visitantes comuns — ou seja, o público em geral, excluindo funcionários e imprensa — havia finalmente ultrapassado a marca de 1 milhão. Isso levantou dúvidas: como a mesma marca foi comemorada em dois momentos distintos?
A explicação está no tipo de público que está sendo incluído na contagem. A organização da Expo contabiliza como “visitantes” todas as pessoas que entram no recinto, incluindo funcionários, jornalistas e influenciadores credenciados com o chamado “AD shō”, uma espécie de crachá de acesso. Esse grupo representa, em média, cerca de 17 mil pessoas por dia, ou aproximadamente 20% do público total divulgado.
Críticos apontam que esse tipo de inclusão distorce os dados reais de interesse público e pode ser interpretado como uma tentativa de inflar os números. Um especialista do setor de entretenimento, ouvido pelo jornal Sankei, afirmou que “não é prática comum contar trabalhadores como visitantes”, alertando que tal conduta pode comprometer a reputação do evento.
A Associação defende-se dizendo que o critério foi estabelecido após diálogo com o Bureau Internacional de Exposições (BIE), órgão responsável pela supervisão das exposições mundiais. Também cita a Expo 2020 de Dubai como exemplo de evento que adotou metodologia semelhante — embora essa edição tenha ocorrido em meio à pandemia da COVID-19, uma situação atípica.
A comparação com a Expo 2005 de Aichi, também no Japão, reforça o argumento dos críticos: naquela ocasião, somente visitantes pagantes e entradas gratuitas de crianças eram contabilizados, sem incluir equipes de trabalho ou imprensa.
Nas redes sociais, a reação foi imediata. Comentários como “isso é manipulação”, “parem de inflar os dados” e “que vergonha” se multiplicaram. A própria estratégia da organização, que inclui a concessão de credenciais a influenciadores digitais para fomentar o engajamento nas mídias sociais, acabou contribuindo para ampliar a controvérsia.
O governador de Osaka, Hirofumi Yoshimura, se pronunciou no dia 30 de abril, afirmando que a inclusão dos credenciados com “AD shō” na contagem se deve ao espírito colaborativo do evento: “Estamos todos construindo a Expo juntos”, disse. Segundo ele, como a organização divulga também os números detalhados por categoria, não haveria problema.
Ainda assim, especialistas alertam que a insistência nesse tipo de divulgação pode afetar negativamente a imagem da Expo 2025, mesmo que o número de visitantes esteja dentro do esperado para o início do evento.
Fonte: Sankei