A Prisão de Fuchu, localizada na cidade de Fuchu, no oeste de Tóquio, é a maior penitenciária exclusivamente masculina do Japão. Além disso, abriga a maior população de prisioneiros estrangeiros do país e está adotando medidas para melhor acomodá-los em termos de língua, cultura, alimentação e estilo de vida.
“Aqui, não damos tratamento especial apenas por serem estrangeiros. Mas precisamos tratá-los de forma diferente devido às diferenças culturais e de ambiente”, afirma Atsushi Takada, funcionário da prisão.
Em dezembro do ano passado, a prisão de Fuchu abrigava 353 prisioneiros estrangeiros de 58 nacionalidades diferentes, que falavam 52 línguas. Chineses formavam a maior parte, com 20,1%, seguidos por vietnamitas, com 17,8%.
Entre os prisioneiros estrangeiros famosos que já passaram por Fuchu estão Michael Taylor, o ex-Boina Verde que ajudou o magnata automobilístico Carlos Ghosn a fugir do Japão, e Richard Hinds, condenado pelo assassinato de uma estudante irlandesa em 2012.
A maioria dos presos estrangeiros foi condenada por crimes relacionados a drogas (57,8%), seguidos por roubo (12,7%) e furto (menos de 10%). Entre os presos japoneses, o crime mais comum é roubo, seguido por delitos relacionados a drogas e fraudes.
Medidas de adaptação
Para facilitar a vida dos prisioneiros estrangeiros, a Prisão de Fuchu oferece opções de refeições halal ou vegetarianas e permite substituir o arroz por pão. Além disso, enquanto os presos japoneses compartilham celas, os estrangeiros muitas vezes têm quartos próprios para evitar conflitos culturais. Eles também podem optar por um quarto com cama em vez de colchão futon.
Desde 1995, a prisão possui uma divisão internacional, pioneira no Japão, que auxilia na interpretação e trata de questões relacionadas ao tratamento dos prisioneiros estrangeiros.
Suporte religioso e comunicação
A prisão oferece suporte às necessidades religiosas dos reclusos, com sessões de oração para diferentes religiões, conforme solicitado. Prisioneiros cristãos, por exemplo, têm salas dedicadas para orações mensais conduzidas por padres ou pastores.
Os presos estrangeiros também têm a vantagem de poder ligar para familiares e amigos no exterior, uma opção não disponível para prisioneiros japoneses.
Ambiente da prisão
Durante uma recente visita da imprensa, os repórteres do jornal The Japan Times notaram a limpeza e o espaço amplo da prisão. Apesar dos gritos ocasionais dos guardas, a atmosfera era tranquila enquanto os presos realizavam suas tarefas. Cercas de metal no topo das escadas, destinadas a prevenir suicídios, e guardas em cada esquina lembram que, apesar da tranquilidade, o local é uma prisão.
Os presos se levantam às 6h45 e trabalham em oficinas das 8h às 16h40, com um intervalo para o almoço. Eles realizam tarefas como consertar carros, produzir móveis e imprimir cartões postais. Às 21h, as luzes se apagam.
Desafios e redução de números
Apesar do aumento da população estrangeira no Japão, o número de prisioneiros estrangeiros tem diminuído. Em dezembro de 2022, havia 1.401 prisioneiros estrangeiros, representando 4,1% do total. Um fator para o declínio é a ratificação pelo Japão, em 2003, da Convenção do Conselho da Europa sobre a Transferência de Pessoas Condenadas, permitindo que prisioneiros estrangeiros cumpram parte da pena em seus países de origem.
Ainda assim, a permanência de prisioneiros estrangeiros no Japão apresenta desafios, como a barreira linguística e a possibilidade de visto expirado durante o encarceramento. Prisioneiros com vistos vencidos não podem se inscrever em programas de formação profissional, o que limita suas oportunidades de reintegração após a soltura.
Fonte: The Japan Times
