Um projeto social que oferece refeições quentes e gratuitas voltou a funcionar em Sendai, no Japão, após cinco anos parado. A iniciativa, chamada de “Refeitório para Adultos”, quer ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade por causa do aumento do custo de vida e criar um espaço para convivência e escuta.
O retorno do projeto aconteceu no dia 16 de fevereiro, em um centro comunitário no bairro Aoba. Cerca de 50 pessoas participaram, entre japoneses e estrangeiros. Além da comida, o local também oferece apoio psicológico e espaço para conversar ou simplesmente descansar em silêncio.
A ideia do projeto é inspirada nos “Refeitórios para Crianças”, que existem em várias partes do Japão. Mas, desta vez, o foco são os adultos que passam por dificuldades, como desemprego, baixa renda ou solidão.
Uma das pessoas que participou pela primeira vez foi uma mulher na faixa dos 30 anos. Desempregada e recebendo auxílio do governo, ela contou que muitas vezes não consegue comprar nem arroz. Disse que se alimenta apenas para matar a fome, sem pensar em sabor ou nutrição. No local, além de comer, ela pôde conversar sobre suas dificuldades e o preconceito que sofre por estar em situação de vulnerabilidade. “Comer e conversar com os outros é importante. Eu gostei muito”, disse ela.
A refeição servida naquele dia foi soto ayam, uma sopa tradicional da Indonésia feita com frango. O prato foi preparado por Mohammad Nazmul Hoda, voluntário de 25 anos, natural de Bangladesh. Ele é estudante e contou que ajudar com comida também fazia parte de sua rotina no país de origem. “A comida é o mais importante”, afirmou.
O Refeitório para Adultos é mantido por três organizações locais: o Food Bank Sendai, o grupo Sendai POSSE e o sindicato Sendai Keyaki. A proposta é oferecer mais do que alimento — é criar um espaço onde as pessoas se sintam acolhidas.
O projeto teve início em 2019, em meio a uma crise econômica, mas precisou ser interrompido em 2020 por causa da pandemia de COVID-19. Com a alta recente dos preços e o aumento da pobreza, os organizadores decidiram retomar as atividades.
“Queremos mostrar que ninguém está sozinho”, disse Saori Kasahara, do Sendai POSSE. Ela espera que, ao conversar e partilhar suas histórias, os participantes consigam entender melhor suas dificuldades e encontrar caminhos para enfrentá-las.
Segundo os organizadores, muitas pessoas que buscam ajuda no Food Bank Sendai estão passando fome há dias ou tiveram luz e água cortadas por falta de pagamento. Entre elas, estão tanto famílias japonesas quanto estudantes estrangeiros. Por isso, manter esse espaço funcionando virou uma prioridade para quem organiza o projeto.
Fonte: Asahi