A Rússia ameaçou nesta quinta-feira (10) aplicar medidas severas contra o Japão, caso o governo japonês decida fornecer armas ou equipamentos militares à Ucrânia. A advertência foi feita após notícias de que Tóquio estaria interessada em participar de um comando da OTAN de apoio a Kiev.
A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, afirmou que qualquer envolvimento japonês, direto ou indireto, no fornecimento de armas que possam ser usadas contra cidadãos russos será considerado um ato hostil.
Zakharova alertou que, se o Japão seguir por esse caminho, enfrentará consequências duras, com impacto direto em “áreas sensíveis aos interesses do Japão”. No entanto, ela não detalhou quais seriam essas medidas.
Segundo a diplomacia russa, o Japão está se envolvendo cada vez mais no conflito na Ucrânia, dentro de um processo de “remilitarização acelerada”.
As declarações aconteceram dois dias após a visita do secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, ao Japão. Durante o encontro com autoridades japonesas em Tóquio, o governo japonês manifestou disposição para participar de uma estrutura da Aliança Atlântica voltada ao apoio à Ucrânia, conforme divulgou a agência Associated Press (AP).
Diante desse cenário, a Rússia também anunciou que não pretende retomar, por enquanto, as negociações com o Japão sobre um tratado de paz que permanece pendente desde o fim da Segunda Guerra Mundial (1939–1945).
Segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, “neste momento, não há qualquer contato com as autoridades japonesas”. Ele afirmou que o Japão “aderiu totalmente a todas as medidas hostis e inamistosas” contra a Rússia.
Desde março de 2022, quando o Japão criticou a invasão russa à Ucrânia, Moscou suspendeu as negociações sobre o tratado de paz. Um dos principais pontos de impasse entre os dois países continua sendo a disputa pelas Ilhas Curilas, chamadas pelo Japão de “Territórios do Norte”.
O arquipélago, composto por 56 ilhas, está localizado entre a península russa de Kamchatka e a ilha japonesa de Hokkaido. As ilhas foram ocupadas por tropas soviéticas no fim da Segunda Guerra Mundial e continuam sob controle russo, embora o Japão reivindique a soberania sobre as ilhas mais próximas do seu território.
Em comunicado oficial divulgado em 21 de março, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia declarou que, “nas condições atuais, não há intenção de continuar as conversações com o Japão sobre o tratado de paz”
Com o aumento da tensão na região, a relação diplomática entre os dois países segue em clima de forte instabilidade.
Fonte: Observador O Portal