As negociações entre Honda, Nissan e Mitsubishi para uma possível fusão chegaram ao fim. O que começou como uma tentativa de fortalecer a competitividade das montadoras japonesas no cenário global acabou esbarrando em divergências estratégicas, especialmente no papel que cada empresa teria dentro da nova estrutura.
O presidente da Nissan, Makoto Uchida, deixou claro que a proposta acabou tomando um rumo que a empresa não podia aceitar. Inicialmente, a ideia era criar uma holding conjunta, mas a negociação evoluiu para um cenário em que a Nissan se tornaria uma subsidiária da Honda. Para Uchida, isso não aproveitaria o verdadeiro potencial da marca. “A intenção era unir forças para vencer no mercado global, mas esse modelo não permitiria que a Nissan crescesse como deveria”, afirmou.
Já para a Honda, a fusão era uma forma de agilizar as decisões e criar uma estrutura mais eficiente. O presidente da montadora, Toshihiro Mibe, não escondeu a frustração com o fim das negociações. “Estou realmente desapontado. Via um enorme potencial nessa parceria, mas sabia que seria preciso tomar decisões difíceis para que desse certo”, disse.
Os primeiros rumores sobre o impasse já circulavam há algumas semanas na imprensa japonesa. Fontes não identificadas apontavam que a Nissan resistia à ideia de ficar em posição secundária dentro da nova empresa, o que teria travado o avanço das conversas. Especulações também envolviam um possível interesse da Foxconn, gigante taiwanesa da tecnologia, em investir na Nissan, mas Mibe negou qualquer envolvimento nesse sentido.
Apesar do fim das negociações para a fusão, as montadoras garantem que continuarão trabalhando juntas em projetos de eletrificação e tecnologia inteligente, incluindo carros autônomos. No entanto, cada uma seguirá sua própria estratégia para enfrentar um setor cada vez mais competitivo, marcado pelo crescimento acelerado de marcas como Tesla e BYD.
A Honda, que se encontra em situação financeira mais estável, havia assumido a liderança nas negociações. A empresa fechou o período de abril a dezembro de 2024 com um lucro de 805 bilhões de ienes, embora tenha registrado uma queda de 7% em relação ao ano anterior. A Nissan, por outro lado, enfrenta dificuldades. A montadora registrou prejuízo no terceiro trimestre do ano passado e anunciou o corte de 9.000 empregos. Uchida, como medida de responsabilidade, chegou a reduzir seu próprio salário pela metade.
Fonte: Nippon
