A situação climática no Rio Grande do Sul atingiu níveis críticos nesta semana, com a região sul do Brasil enfrentando uma das maiores tragédias climáticas de sua história. Já são contabilizados 85 mortos e mais de 130 pessoas desaparecidas devido às chuvas torrenciais que persistem por dias a fio. O cenário devastador é intensificado por uma onda de calor no centro do país, que bloqueia a chegada de uma frente fria esperada para aliviar a situação.
Causas climáticas
Meteorologistas apontam que uma série de fatores climáticos convergiram para criar esta situação extrema. O principal, é o fenômeno conhecido como “bloqueio atmosférico”, causado por uma intensa onda de calor nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Essa condição impede que as frentes frias, que normalmente trariam chuvas para essas áreas e aliviariam a situação no sul, avancem.
Humberto Barbosa, coordenador do Laboratório de Processamento de Imagens de Satélite da Universidade Federal de Alagoas (Lapis – Ufal), explica: “A onda de calor criou uma redoma que mantém o céu claro e as temperaturas elevadas no Sudeste e Centro-Oeste, desviando as chuvas para o Sul.”
As chuvas resultantes dessa situação têm sido implacáveis. O Guaíba, por exemplo, registra níveis 2,3 metros acima da cota de inundação, dificultando os esforços de drenagem das águas. Além disso, cerca de 70% da população do estado está sem abastecimento de água, e milhares estão sem energia elétrica.
A resposta dos serviços de emergência tem sido intensa, com esforços coordenados para fornecer abrigo e suprimentos básicos aos afetados. No entanto, a previsão de mais chuvas nos próximos dias só agrava o cenário, com novas áreas podendo ser impactadas.
Para os próximos dias, a expectativa é que a frente fria finalmente avance, graças à formação de um ciclone extratropical que deverá ajudar a dissipar o bloqueio atmosférico. Isso poderia trazer um alívio temporário, mas as temperaturas devem cair drasticamente, aumentando o risco de hipotermia entre os desabrigados.
Fonte: BBC e G1